Imagens do manifesto

Aconteceu por volta das 15h00 do sábado, 07/05/2011, a manifestação contra o uso de peles de animais no mercado da moda. O trajeto interrompeu o trânsito da Rua Oscar Freire, no bairro dos Jardins, em São Paulo, e chamou bastante atenção de quem passeava e fazia compras pela região.
A Rua Oscar Freire reúne diversas marcas que utilizam peles de animais em alguns de seus produtos. Diante destas lojas, o grupo parou, vaiou, apitou e explicou ao público o objetivo da manifestação com detalhes de como é feito o abate dos animais cuja pele é cruelmente retirada para ser utilizada em roupas e acessórios.

As espécies mais prejudicadas são coelhos, raposas e chinchilas. Cerca de 120 milhões de animais são mortos a cada ano para serem transformados em casacos, bolsas e sapatos. A Fuss é absolutamente contra esta prática. Estivemos presente no protesto e encorajamos todos a participarem das próximas manifestações.

O Brasil precisa de mais pessoas como estas, do bem, com cultura, determinação, que não se acomodam e acreditam que podem mudar as coisas erradas do mundo. Já estamos mudando!

Arezzo vende peles e pelos de animais

Raposas, cabras e coelhos foram cruelmente mortos para que a Arezzo lucre com a venda de suas peles.

Na semana passada, a empresa divulgou a nova coleção “Pelemania” na loja da Rua Oscar Freire, em SP, e espalhou a notícia a seus mais de 20 mil seguidores no Twitter. Resultado: incontáveis críticas de uma maioria absoluta que desaprovou a ação.

Para “equilibrar” a matança, alguns calçados e acessórios foram fabricados com pele fantasia/falsa. Mas isso não diminuiu o impacto que a notícia causou, desencadeando uma série de discussões. Um dos tópicos: a comparação do uso da pelagem animal com o consumo da carne. Todas as formas de cometer maus tratos com animais são repugnantes e gananciosas. Seres humanos não precisam ser carnívoros e definitivamente não precisam usar echarpes feitas de pele para sobreviver.

Os animais assassinados são animais livres capturados em armadilhas cujos mecanismos são reminiscentes de equipamento de tortura medieval. Muitos morrem de infecções ou comem seus próprios membros em uma tentativa desesperada de escapar.*

Em extinção ou não, é absurdo escalpelar animais para se vestir com suas peles. Glamour? Fashion? Chique? Assassinato desnecessário! Uma vergonha para a Arezzo e para os consumidores da marca.

Para expressar sua desaprovação, entre em contato com a Arezzo neste link ou junte-se aos protestos no Twitter e em sites que divulgam a coleção Pelemania.

Lamentável.

A alma da Fuss

Um dos motivos para ter criado a FUSS sempre foi a minha preocupação com o meio-ambiente. Cresci rodeado de verde, mesmo morando em um centro urbano. Hoje esse verde já era, não existe mais, apenas prédios, condomínios e cada vez mais carros. Pensei que poderia fazer algo, levantar a minha bandeira e, através de ilustrações, estampas em camisetas e informações, poder conscientizar outras pessoas de que nem só de concreto vive o ser humano.

A gota d’agua foi quando lí uma carta. Uma linda carta escrita por um índio norte-americano chamado Seattle, da tribo Suquamish. Ele enviou esta carta ao presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce) depois de o governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios. Faz mais de um século e meio que isso aconteceu e o texto, infelizmente, continua muito atual.

Segue a carta abaixo, espero que você reflita, pense melhor em como vive e quais são as suas prioridades.

“O grande chefe de Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos também da sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Nós vamos pensar na sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington pode acreditar no que o chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas não empalidecem.

Como pode-se comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo.

Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo que necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e, depois de exaurí-la, ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende.

Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o zunir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d’água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar, animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é insensível ao mau cheiro.

Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias, abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão, que nós, peles vermelhas, matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo que fere a terra, fere também os filhos da terra.

Os nossos filhos viram os pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio e envenenam seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias. Eles não são muitos. Mais algumas horas ou até mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nestas terras, ou que tem vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.

De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha um dia a descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir a nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da mesma maneira ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua sujando a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça; o fim da vida e o começo da luta pela sobrevivência.

Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos quais esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do futuro oferecem para que possam ser formados os desejos do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos temos que escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos na venda é para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias como desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueça como era a terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o seu coração, conserva-a para os seus filhos, e ama-a como Deus ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.”